Europa

Rota pela Paris dos impressionistas

París de los impresionistas
Nesta rota pela Paris dos impressionistas, conheceremos os lugares que inspiraram Monet, Renoir ou Degas para pintar seus quadros.
8 agosto 2022

Eu quero pintar o ar que envolve a ponte, a casa, o barco. A beleza do ar onde se encontram, e isso não é de modo algum impossível”. Com estas palavras refletia Claude Monet, uma dos precursores do impressionismo, uma nova técnica pictórica de representar a realidade. Nesta rota pela Paris dos impressionistas conheceremos os cantos que inspiraram Monet e Renoir, Degas ou Pissarro para criar algumas das obras mais famosas desse período.

Passear por Paris é como submergir profundamente em um quadro impressionista. A luz é um elemento essencial para os artistas desse movimento, e a Cidade da Luz foi sem dúvida sua grande musa. O impressionismo surgiu no final do século XIX em uma Paris recentemente industrializada e dominada pela burguesia e as altas classes, onde os salões de arte tinham um papel importante. Essas exposições contribuíram para democratizar a arte e conseguir se aproximar mais do povo, além de promover o surgimento de novos museus e galerias.

Panorámica de París
A Paris dos impressionistas

Montmartre e seus moulins

O bairro parisiense de Montmartre era um dos locais da Paris dos impressionistas, que frequentavam seus cafés, salões de baile e teatros. São características as cenas urbanas pintadas por Camille Pissarro nas quais aparecem as ruas de Montmartre em diferentes horas do dia e estações. Nesses quadros, Pissarro representou detalhadamente a agitada vida do bulevar Montmartre, por onde circulavam pedestres e carruagens puxadas por cavalos, fosse verão ou inverno, sob sol ou chuva.

O charmoso bairro de Montemartre com seus cafés e lojas de arte
Montmartre, um dos lugares da Paris dos impressionistas

Outro aspecto de Montmartre que atraía a curiosidade dos artistas da época eram seus moulins. Esses moinhos transformados em salões de baile reuniam a sociedade parisiense mais boêmia, e os impressionistas refletiram a alegre atmosfera e folia desses lugares. Baile no Moulin de la Galette (1876), de Renoir, é um exemplo desse tipo de pintura cortês e costumbrista.

Mas a cereja do bolo era o Moulin Rouge, cuja fama já transcendeu até a atualidade. O ambiente desse cabaré era bastante decadente, com suas performances altamente eróticas, seu frenesi descontrolado e seus delírios alcoólicos. Não é de se estranhar que artistas como Henry Toulouse-Lautrec, que também morou em Montmartre, aproveitassem para retratar o Moulin Rouge e suas bailarinas. Os cartazes protagonizados por Jane Avril ou La Goulue e desenhados pelo pintor são um reflexo do amor dos impressionistas pelo burlesco.

Fachada do Moulin Rouge com suas chamativas luzes
O Moulin Rouge

A Ópera de Paris

Napoleão III decidiu dar uma cara nova a Paris durante seu mandato e ordenou a demolição dos edifícios antigos para substituí-los por elegantes palácios condizentes com a alta sociedade parisiense. Um deles seria o que abriga a Ópera de Paris, também conhecida como Ópera Garnier. Um dos espetáculos mais aclamados apresentados nela seria o balé, cujos trajes e movimentos conquistaram o pintor Edgar Degas, um visitante regular desses espetáculos.

Degas iniciou sua trajetória pictórica tratando temas clássicos e burgueses, mas depois desenvolveu um crescente interesse pelo mundo artístico. Músicos, cantores e bailarinas apareceram com frequência em seus quadros, sendo os mais famosos os que representam cenas de balé. O pintor consegue transmitir essa sensação de leveza tão característica das bailarinas graças à representação de seus movimentos graciosos e da vaporosidade dos tutus. Isso pode ser apreciado em obras como Bailarinas em verde (1877–1879) ou O ensaio de dança da Ópera na rua Le Peletier (1872).

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O luxuoso interior da Ópera Garnier de Paris com um piano no palco
Ópera Garnier, em Paris

O Jardim de Tuileries

Eduard Manet é o pintor que representa a transição entre a tradição clássica e a modernidade impressionista. Seus primeiros quadros pretendiam impressionar a Academia de Belas Artes para ser aceito em seu exclusivo salão, onde eram expostas apenas as obras aprovadas pelos acadêmicos e que seguiam os cânones estabelecidos pela instituição. No entanto, seu espírito rebelde o levou a desenvolver uma maior liberdade criativa e abandonar as normas. 

Este artista se especializou em obras ao ar livre, e os parques e jardins de Paris lhe ofereceram um cenário perfeito para criar pinturas deslumbrantes como Almoço na relva (1862–1863) ou Música nas Tulherias (1862). A cena desse último acontece em um dos jardins mais populares do centro de Paris, o de Tuileries, localizado entre o Museu do Louvre e a Praça da Concórdia. Um local onde é fácil imaginar as mulheres parisienses da Belle Epóque passeando com seus vestidos enfeitados e sombrinhas na mão.

Estátuas no Jardim de Tuileries, que abriga o Museu Orangerie
Jardim de Tuileries

No Tuileries se encontra o Museu Orangerie, que abriga uma importante coleção de obras do impressionismo e do pós-impressionismo de pintores como Monet, Renoir ou Paul Cezánne. Essa galeria se estabeleceu na antiga orangerie do Palácio das Tulherias, construída para proteger as laranjas do seu jardim.

Berthe Morisot no Bois de Boulogne

Berthe Morisot, também pintora, era a cunhada de Manet, e foi ele quem a introduziu em seu círculo de artistas parisienses. Ainda que fosse desconhecida no panorama internacional, Morisot foi uma das artífices do movimento impressionista, tanto artística como economicamente. Foi ela quem financiou a primeira exposição impressionista, organizada em 1874 no ateliê do fotógrafo Nadar, no bulevar dos Capuchinhos. Seu talento lhe rendeu o respeito dos demais pintores do grupo, o que fez com que sua figura fosse reconhecida na atualidade, apesar de ser sido relegada ao segundo plano pelos historiadores de arte durante séculos.

Morisot se destaca por suas temáticas cotidianas, com obras que representam cenas domésticas sinceras como mães com filhos ou mulheres no banho. Há uma grande naturalidade em suas pinturas, algumas das quais inspiradas nos ambientes exteriores como o Bois de Boulogne, um parque próximo ao Arco do Triunfo, outro local da Paris dos impressionistas.

Pessoas descansando no parque Bois de Boulogne, em Paris
Bois de Boulogne

Monet, a estação de Saint-Lazare e Giverny

Claude Monet é o representante por excelência do impressionismo. Não foi em vão que foi sua obra Impressão, nascer do sol (1872) deu nome ao movimento. Isso ocorreu na primeira exposição impressionista de 1874 (foram organizadas oito no total, todas fora das exposições dos salões acadêmicos). Monet apresentou essa paisagem marinha ao amanhecer, que o crítico Louis Leroy comentou em tom depreciativo, aludindo à impressão produzida pela obra à primeira vista.

Os artistas se apropriaram desse termo, já que para eles suas obras representavam, de fato, a captura de uma impressão momentânea. As obras de Monet se baseavam principalmente no reflexo da luz e os efeitos atmosféricos: a água, a neve, o vapor…  destacar sua série de quadros onde aparece a estação de Saint-Lazare, a qual Monet parece se interessar pela vida moderna e os avanços tecnológicos como o desenvolvimento da ferrovia. Por estar coberto de vidro, esse local estimulava a criatividade do pintor quanto ao tratamento da luz.

Mas para conhecer Monet em toda sua essência devemos sair da cidade e fazer uma parada em Giverny, um povoado situado a aproximadamente 80 quilômetros de Paris. Lá ficava a casa do pintor, onde ele e sua esposa viveram no local até sua morte. Monet ficou apaixonado pelos encantadores jardins adjacentes à casa, tanto que os reproduziu em muitas de suas obras. Ele pintou os nenúfares da lagoa de inspiração japonesa, assim como os jardins de uma perspectiva diferente.

Jardim japonês em Giverny, fonte de inspiração para Monet
Jardim japonês em Giverny

Muitos dos quadros que retratam a vibrante e boêmia Paris da época estão hoje espalhados pelos museus da capital francesa. O Museu d’Orsay, localizado em uma antiga estação de trem, abriga a maior coleção de pinturas impressionistas do mundo. Com seus mais de 8.000 quadros podemos viajar a Paris dos impressionistas e conhecer a visão transgressora e inconformista desse grupo que revolucionou a história da pintura.

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